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Os manguezais
no Brasil e em Alagoas
Nesta página apresentamos uma síntese da pesquisa bibliográfica e documental realizada pelos discentes do IGDEMA/UFAL ao longo do subprojeto Mapeamento participativo no âmbito do Projeto Pró-Manguezais, realizado entre 2024 e 2026.

Fonte: ICMBio, 2018.
O que são os manguezais?
Os manguezais são ecossistemas costeiros típicos de regiões tropicais e subtropicais. Eles se formam em áreas onde a água doce dos rios e lagunas se mistura com a água salgada do mar, criando um ambiente único, formado sobre um substrato lodoso, salino e sujeito à variação das marés.
São ecossistemas de transição entre ambientes terrestre e marinho, sujeitos aos processos marítimos, adaptados às variadas concentrações de salinidade, e formados por espécies vegetais típicas, que colonizam sedimentos lodosos em sua grande parte, com baixos teores de oxigênio. São encontrados em quase todo litoral brasileiro.
Funções ecológicas e serviços ambientais
Considerados um dos ecossistemas mais produtivos do planeta, os manguezais oferecem inúmeros serviços ambientais essenciais: funcionam como berçários naturais para peixes, crustáceos e moluscos, acolhem aves e outros animais terrestres, servem como barreiras naturais contra a erosão costeira, enchentes e tempestades e são reservatórios de carbono, ajudando a combater o aquecimento global.

Caranguejos
Fonte: ICMBio, 2018.

Mangue vermelho
Fonte: ICMBio, 2018.
Mangues
As principais espécies vegetais dos manguezais brasileiros são: Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Avicennia schaueriana, Avicennia germinans (mangue-preto) e a Laguncularia racemosa (mangue-branco). Essas plantas possuem raízes visíveis e respiráveis (como as raízes escora e os pneumatóforos), que ajudam na troca de gases em ambientes alagadiços.
Importância para o clima e para a vida humana
O manguezal consegue estocar mais carbono por área do que a Amazônia, o que o torna crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, sua biodiversidade e produtividade sustentam comunidades tradicionais e a pesca artesanal em todo o litoral brasileiro.

Pescador artesanal
Fonte: ICMBio, 2018.

Ameaças e conservação
Os manguezais vêm sendo ameaçados pela expansão urbana e industrial, carcinicultura (criação de camarões), lançamento de resíduos e poluição e também pelas ocupações irregulares. Desde o século XX, o Brasil perdeu cerca de 25% da cobertura original desses ecossistemas, com destaque para as regiões Nordeste e Sudeste.
Fonte: ICMBio, 2018.
Iniciativas de proteção
Atualmente, cerca de 87% da área total de manguezais no país está dentro de unidades de conservação, como Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Reservas Extrativistas.
No estado de Alagoas, se destacam a APA de Santa Rita e APA da Costa dos Corais, sendo que esta última também se estende para o estado de Pernambuco.
Fonte: ICMBio, 2018.


Unidades de conservação e distribuição dos manguezais em Alagoas
Fonte: ICMBio, 2018.
Distribuição dos manguezais em Alagoas
Em Alagoas, os manguezais ocupam a faixa litorânea, desde o município de Maragogi (porção norte) até Piaçabuçu (sul do Estado). Há uma forte presença desse ecossistema nas áreas de lagunas (lagoas) como nos casos de: Manguaba, Mundaú, Roteiro e Jequiá, e nas faixas fluviais dos rios Manguaba, Camaragibe, Persinunga, São Francisco, Coruripe e Poxim. A partir do litoral norte é possível encontrar mangues em 12 rios, são eles:
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Persinunga
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Rio dos Paus
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Rio Maragogi
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Rio Salgado
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Riacho Cucuoba
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Rio Manguaba
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Rio Tatuamunha
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Riachão
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Rio Camaragibe
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Rio Santo Antônio
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Rio Sapucaí
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Rio Sauaçuhy
Manguezais em Maceió e entorno
Na capital do estado, Maceió, muitos manguezais sobrevivem ao crescimento urbano. Entre os mangues estuarinos, se sobressaem:
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Rio Meirim
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Rio Pratagy
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Riacho Guaxuma
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Riacho Jacarecica
Entre cinco municípios do litoral sul (Maceió, Marechal Deodoro, Coqueiro Seco e Santa Luzia) está a laguna Mundaú, com remanescentes de manguezais distribuídos em suas margens, em ilhas e bancos de areia que se formam em seus canais.
Outra laguna importante na região é a Manguaba, abrangendo os municípios de Marechal Deodoro e Pilar. Nela também há manguezais, em maior destaque nos trechos próximos ao mar pela influência da salinidade.

CELMM
Crédito:
Simone A Silva.
Mundaú e Manguaba, através de canais interligados, formam um complexo estuarino (CELMM). Canais em meandros se formam entre os tabuleiros costeiros e o mar, constituindo ilhas onde predominam manguezais, e nos terrenos mais secos e arenosos, restingas e praias. Atualmente esses ambientes sofrem grande pressão antrópica, apesar da região compor a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Rita.

CELMM
Crédito: Simone A Silva.
Principais formações de manguezais do Estado de Alagoas
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Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba (CELMM): manguezal: 1.274,89 hectares
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Laguna de Roteiro: manguezal 584,42 hectares
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Rio Meirim: manguezal 117,97 hectares
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Rio Santo Antônio: manguezal 294,04 hectares
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Rio Camaragibe: manguezal 763,26 hectares
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Rio Tatuamunha: manguezal 177,59 hectares
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Rio Manguaba: manguezal 739,18 hectares
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Rio Maragogi: manguezal 185,66 hectares
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Rio Jequiá: manguezal 132,98 hectares
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Rio Coruripe: manguezais 367,55 hectares
Impactos ambientais
A ação antrópica é observada em todas as formações de manguezais em Alagoas. Mas ao tratar de aspectos individualizados vemos atividades nos diversos segmentos econômicos, como, na exploração turística, construções hoteleiras, instalação de bares e restaurantes, agricultura, avanço desordenado da urbanização, além de descartes de resíduos domésticos, industriais e agrícolas.

Lagoa Mundaú
Crédito: Simone A Silva.
Bibliografia
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBIO. Atlas dos manguezais do Brasil. Brasília: ICMBio, 2018.
MENEZES, A. F. Cobertura vegetal do estado de Alagoas e mangues de Alagoas. Maceió: Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Petrobrás, 2010.
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE ALAGOAS – MPE-AL; MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM ALAGOAS – MPF-PRAL (Orgs.) Programa de Recuperação de Manguezais no Estado de Alagoas - Projeto Pró-Manguezais. Maceió: IMA, 2024.
SILVA, S. A. et. al. Cartografia Social: mapeamento participativo da APA de Santa Rita. Revista Educação, Santa Maria, v. 49, p. 1-47, 2024.
Equipe responsável pela pesquisa
Anderson Machado Lemes
Artur Wagner César dos Santos
Ewerton de Oliveira Tavares
Maria de Lourdes dos Santos Pereira
Pamela Yonaha Santana
Valéria da Silva Leite Ciríaco
Yasmim Fernanda dos Santos Tavares